Globalização do Ensino

A Globalização do Ensino

Iniciando este Blog no site da SBC vou começara a tratar de um ponto atual e essencial para o desenvolvimento do Ensino da Computação no Brasil: a globalização. Este tema apresenta componentes tecnológicos, culturais e tem sofrido interpretações emocionais e políticas. Meu objetivo é apresentar uma visão aberta sobre o assunto tentando identificar os principais pontos para a discussão.

Quando o primeiro hominídeo deixou a África iniciou-se o processo de globalização da cultura humana. Cultura é um conceito de vários significados, sendo o mais corriqueiro aquele dado pela definição por Edward Burnett Tylor, considerado por muitos como o fundador da antropologia moderna, segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Ora, na medida em que a humanidade ocupa todo o planeta a cultura desenvolve-se com múltiplas características regionais.  Dentro deste enfoque devemos pensar o Ensino como um dos importantes elementos que permitem o desenvolvimento e a transmissão da cultura humana. Se a cultura constitui-se neste complexo de conhecimento é evidente que, uma vez que há um enorme intercâmbio e construção coletiva da cultura pelos membros da sociedade, o ensino não pode se isolar desta realidade.

O que chamamos de “Globalização do Ensino” é uma consequência das interações sociais e da cultura global. Esta globalização é um conceito derivado do modelo de “aldeia global” criado pelo sociólogo Marshall McLuhan. Este sociólogo criou o conceito de que o progresso tecnológico esta reduzindo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia onde todos interagem e se conhecem. McLuhan foi o primeiro filósofo das transformações sociais provocadas pela revolução das tecnologias da informação. Como paradigma da aldeia global, McLuhan elegeu a televisão, um meio de comunicação de massa em nível internacional, que começava a ser integrado via satélite. Depois disto as formas de comunicação da aldeia global passaram a ser essencialmente bidirecionais, como o permitiu a Web 2.0. Atualmente com o celular, com a televisão por satélite e com a internet é que o conceito de globalização de McLuhan se concretiza.

O ensino, durante muito tempo, foi considerado como algo estritamente local, cada município, cada região se considerando como guardiões da formação de seus jovens. A abertura da cultura das diferentes regiões do mundo, disponibilizada pela rede mundial, nos levou a viver na aldeia global. Se o ensino continuar isolado perderá totalmente a sintonia com os jovens e a possibilidade de aproveitar as conquistas de outros grupos espalhados pelo mundo. Complementarmente diversos trabalhos coincidem em afirmar que o progresso tecnológico e a inovação são os fatores que impulsionam em longo prazo o crescimento econômico. Esta é a realidade de nosso modelo de desenvolvimento. No contexto de uma economia mundial do conhecimento impulsionada pela rapidez da inovação tecnológica, a globalização se converteu no motor do desenvolvimento das nações.  Mesmo as Humanidades, não sendo diretamente afetadas pela tecnologia nem a produzindo, podem se desenvolver muito mais rapidamente com a utilização dos novos meios que permitem uma maior interação social mundial.

Deve ficar bem claro que a globalização não tem por meta a uniformização da cultura, mas sim a possibilidade de conhecimento, de experiência das diferentes formas de cultura abrindo novas possibilidades de crescimento. No ensino o objetivo da globalização é de somar as mais diversas experiências e culturas como forma de acelerar e melhorar a qualidade do ensino. Esta globalização pode ser medida segundo diferentes indicadores como a participação internacional de alunos nos cursos, parcerias internacionais através do intercâmbio de professores e pesquisadores, mobilização de recursos financeiros internacionais, parcerias com o setor privado internacional, contribuição da pesquisa para a globalização, e desenvolvimento de projetos multinacionais.

Um dos pontos importantes da globalização é a possibilidade dos estudantes terem experiências em diferentes ambientes de ensino e de pesquisa. Na Europa, o Protocolo de Bolonha, tem por objetivo a criação de uma estrutura comum aos países da União Europeia relativa à formação universitária, para oferecer maior possibilidade de intercâmbio entre os países da Comunidade Europeia. A declaração de Bolonha visa à tomada de ações conjuntas com o objetivo principal de elevar a competitividade internacional do sistema europeu do ensino superior. Um ponto importante a ser discutido no Brasil é o contraste entre a pós-graduação e a graduação. Enquanto na pós-graduação temos uma grande experiência em intercâmbio na graduação esta experiência é mais limitada.

Nas próximas postagens continuarei o estudo da globalização do ensino.

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